Por William Tito
Meus sentidos levaram-me a momentos de alegria, reflexão e ao deleite do contato com a arte no ano da Graça de 2024. Porque é para isso que ela serve. Entre outras coisas. Nós precisamos muito mais de episódios que fortaleçam a nossa existência. Os bens culturais, ampliando o espectro do que nos sensibiliza, são a matéria-prima que nos move. Até quando a gente não tem consciência. Vai cumprindo sua sina, que é nos colocar em movimento.
A expressividade é da natureza de todo ser humano. Nós precisamos nos comunicar. Nossos ancestrais deixaram as mensagens pictóricas nas paredes que encontraram. Fizeram suas tintas e publicizaram o que viam com corantes nas grandes pedras, grutas e cavernas. A arqueologia não dá conta de catalogar o que já está às claras. E muito mais há a descobrir. O ser humano é a própria motivação de registros que nos representa. O encanto se decanta em muitas linguagens.
Formas e formatos, até disformes, mas com seus informes, nos levam a encontros necessários para manter a sensação do fascínio de existir sempre pulsante. É combustível. A arte impulsiona muita gente. Muita gente mesmo. Todos os anos. E não falo de quem faz ou quem produz. Nem de quem colabora na área técnica. Falo de quem entende que os bens artístico-culturais, de uma forma ampla, são o tempero mestre de nossa vivência.
Eu sou um deles. É item de primeira necessidade na minha cesta básica. Por meio da arte tenho o ao reino dos sentimentos mais finos, quando nos tocam profundamente. Normalmente escorre uma lágrima recrutada dos arquivos especiais quando sou confrontado com a verdadeira arte. Ela me atinge em cheio. Das muitas linguagens que normalmente sou consumidor, selecionei algumas que brilharam.
Também criei algumas categorias de artistas que ferveram a cena, na minha opinião. E uma deferência especial, no final do texto. Um fato histórico que pouca gente se deu conta da importância. Nada pretensioso. Não quero fazer meramente lista. Mas indico tudo o que vem a seguir. É um intento colaborativo de pautar e “louvar o que bem merece”, como diz o Anjo Torto. Por sinal, tem outro texto a ser publicado, enfocando os 80 anos de nascimento de Torquato Neto. Para publicação em breve. Vamos começar pelo audiovisual. O próximo é sobre teatro.
Telona sã e salva
O cinema piauiense está prometendo muito, com os poderosos aportes financeiros que recebeu via Lei Paulo Gustavo, deve escoar uma enxurrada de filmes curtas, médias e longas, que estavam represados. A maior parte da verba milionária é conduzida às minorias mais vulneráveis, que são a prioridade das políticas públicas do audiovisual brasileiro. Se entregar 50% já será muita coisa. Dentro deste universo, se 10% for realmente consistente, será um enorme avanço.
A jornalista e escritora Cínthia Lages, repórter com vasta experiência na cobertura de todo tipo de pauta, carrega há muitos anos a tocha da qualidade de suas matérias. Tudo sai com esmero. Tornou-se uma griffe pelo rigor na entrega. Acabamento impecável. Ela sabe fazer brilhar. Veterana dos vídeos jornalísticos, atravessou o período de ouro da revolução tecnológica com a fluência que lhe caracteriza.
Sabe tudo de audiovisual. Sabe contar muito bem uma história, com seu texto irretocável e requintes de poesia. Um perfeccionismo que não cansa de se aperfeiçoar. Portanto, habilitada por sua trajetória para se lançar na empreitada de trazer a memória de um dos espaços mais emblemáticos da sociedade piauiense. Em tempos que a saúde mental está em alta, com tratamentos diversos e humanizados, o contraste com as terapias que incluíam eletrochoques, choca o coração mais empedrado. É forte. Não há como sair incólume. Vai mexer quem for ver.
“De médico e louco...
“Meduna, Quem sabe onde está a Loucura">Jornalista, escritora e agora cineasta Cinthia Lages